sábado, 31 de dezembro de 2011

CONFUSAO NA POLITICA


No primeiro ano do seu segundo mandato, o governo Cid Gomes (PSB) passou por episódios que arranharam a sua imagem internamente. Ao mesmo tempo, porém, grandes obras de infraestrutura estão em andamento para receber a Copa 2014, na qual o Ceará será uma das principais sub-sedes. Na avaliação de especialistas ouvidos por O BLOG, o governo mostrou em 2011 um posicionamento autoritário, fruto principalmente da falta de oposição.

Em 2011, o governo enfrentou uma difícil negociação salarial com professores da rede estadual de ensino e com policiais civis e militares (esta até o momento sem solução), e se envolveu em escândalos como o dos kits sanitários. No entanto a oposição não conseguiu instaurar uma Comissão Parlamentar Inquérito (CPI) para investigá-los.

Francisco Moreira Ribeiro, professor de ciência política do curso de Direito da Unifor, destaca como um dos pontos negativos na política cearense a atuação da oposição, ou a falta dela. “A população não sente que há oposição. E não se pode falar em democracia se não houver uma oposição consistente”. Para ele, há falta de transparência no governo Cid Gomes. “Tem algumas acusações muito serias que não foram resolvidas, como o problema dos banheiros e dos empréstimos consignados”. Do lado positivo Moreira destaca as obras de infraestrutura.

Para o cientista político Uribam Xavier, professor do departamento de ciência Política da UFC, o grande episódio do ano foi a greve dos professores. Nesse caso, ele avalia que houve um “silêncio total” do PT, que em outras ocasiões era um forte ator que atuava ao lado dos sindicatos. Na visão de Xavier, houve, por parte do governo, uma criminalização das manifestações, tanto na dos professores como na dos policiais. O cientista político diz que o governo Cid Gomes sinaliza para uma forma de governar “não democrática”. E critica a Área de Segurança criada em torno da residência oficial do governador. “Aquilo é público. Mas só é Área de Segurança quando tem manifestação. Quando tem show, não é”.

Apesar de considerar que 2011 foi um bom ano para o Ceará, Mirtes Amorim, professora de Filosofia Política e diretora da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Ceará (ADUFC), considera que a longa greve dos professores do ensino médio do Estado foi um ponto “muito negativo” para o governo estadual. “Faltou sensibilidade do governo com os professores, (...) a categoria foi muito maltratada”, diz. “Foi um problema de negociação”.

Para Uribam Xavier e Francisco Moreira o nome de maior destaque na política local em 2011 foi Heitor Férrer, pela oposição consistente e coerente ao governo Cid, diz Xavier. “Heitor Férrer tem feito um trabalho importante quase solitário, apesar do discurso dele morrer no discurso. De qualquer forma teve um bom desempenho”, disse Francisco Moreira. Já Mirtes Amorim não viu nenhum nome de destaque no cenário local.