Inspirada no Ministério do Interior, que projetou o ministro Mário Andreazza (1918/1988) para a primeira disputa presidencial após 20 anos de regime militar, a Pasta da Integração Nacional foi criada na forma de Secretaria em 1990, virou Ministério dois anos depois e, a partir daí, tornou-se um reduto nordestino na Esplanada. Dos últimos 11 ministros que por lá passaram, 10 eram do Nordeste. A exceção foi o ex-senador Ramez Tebet (PMDB-MS), que ocupou o cargo por três meses.
A Integração nunca figurou na lista dos ministérios mais importantes, exatamente pela vinculação regional ao Nordeste. Só ganhou dimensão nacional em dois momentos: sob a batuta do candidato a presidente Ciro Gomes - precisamente por se tratar de um presidenciável - e com o deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), por conta do projeto da transposição e por ser ele o líder do PMDB.
O primeiro ministro da Integração foi o ex-governador do Rio Grande do Norte Aluízio Alves, no governo Itamar Franco (1992/1994). Desde então, governadores e parlamentares dos vários Estados nordestinos vêm se engalfinhando não só pela cadeira de ministro, como também pelo comando das estatais vinculadas à Pasta, como a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e o Departamento Nacional de Obras Contras as Secas (Dnocs).
Para manter a influência sobre o Dnocs no governo de Dilma Rousseff, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), chegou a ameaçar até o rompimento com o novo governo. Tanto barulho fez que assegurou a permanência de seu afilhado Elias Fernandes no cargo de diretor da estatal. O orçamento do Dnocs para este ano é de cerca de R$ 1 bilhão.
A destinação de recursos do Ministério para a construção de barragens, como ocorre agora na administração de Fernando Bezerra (PSB), não é novidade. Se na gestão do ministro Andreazza o Rio Grande do Norte ganhou a barragem Armando Gonçalves, com capacidade para armazenar 2,4 bilhões de litros d’água, não foi diferente nos tempos da dobradinha potiguar, com o governador Garibaldi Alves e o ministro Fernando Bezerra (homônimo do atual, ex-senador e ex-presidente da CNI), no governo Fernando Henrique.
“Esse Ministério mudou a região e teve repercussão imensa no Rio Grande do Norte, com obras que mudaram a vida do povo”, recorda o agora ministro da Previdência Social, senador Garibaldi Alves (PMDB).